Vida e obra de Paixão Côrtes são tema da Semana Farroupilha 2019
"Sou o porta-voz. Estou aqui para propagar a mensagem do meu pai", conta o filho do folclorista Paixão Côrtes
18/09/2019 13:43 por Guilherme Hamm/Secom
Festejos da Semana Farroupilha se estendem até domingo, dia 22 - Foto: Frame de imagem de Maicon Hinrichsen / Secom
Dentro de um piquete de madeira construído especialmente para o Acampamento Farroupilha, em Porto Alegre, um grupo assiste a uma palestra que une tradicionalismo, música e a formação cultural do Rio Grande do Sul. O convidado ilustre é Carlos Paixão Côrtes, que, ao lado de um típico fogão à lenha, fala com naturalidade sobre as nossas tradições, danças e costumes. Afinal, essa história ele aprendeu em casa.
"Sou o porta-voz. Estou aqui para propagar a mensagem do meu pai", conta o filho do folclorista Paixão Côrtes, que morreu em 2018, aos 91 anos. Nascido em Santana do Livramento, ele é conhecido por muitos como o homem que serviu de inspiração para a Estátua do Laçador.
"Ele não foi na inauguração, em 1958, porque nunca quis ser visto com o único símbolo do tradicionalismo. Inclusive, a primeira foto que ele tirou ao lado da estátua foi essa aqui, vinte anos depois", revela o filho.
O fato é que, junto a outros entusiastas, como Barbosa Lessa, Paixão Côrtes dedicou uma vida inteira às pesquisas sobre a nossa formação cultural, um resgate que serviu como base a algumas das mais importantes expressões culturais adotadas no Estado. São pelo menos oito discos e 12 livros publicados. "Em Porto Alegre, por exemplo, era feio usar uma bombacha", lembra Carlos.
A principal regra dentro do Acampamento, que fica no Parque da Harmonia, na capital, é que todos os 348 piquetes devem apresentar um projeto cultural relacionado ao tema dos Festejos Farroupilhas. Neste ano, a Vida e Obra de Paixão Côrtes.
"O Paixão Côrtes foi a pessoa que iniciou o movimento organizado. Lá em 1947, quando ele tira a primeira centelha da Pira da Pátria, acaba criando a Chama Crioula. A partir disso começa tudo o que conhecemos hoje, como a fundação do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG)", ressalta Carolina Lucas, coordenadora dos projetos culturais do Acampamento Farroupilha.
Os projetos culturais são criados de acordo com a criatividade de cada piquete. Tem teatro e mostras bibliográficas e discográficas. Os melhores trabalhos viram referência ao serem levados a CTGs e outros eventos culturais organizados pelo MTG.
Para o patrão do piquete Lendas do Sul, Gilberto Espindola, ouvir do filho de Paixão Côrtes canções e histórias inéditas sobre o folclorista está sendo o ponto alto da Semana Farroupilha 2019. "O nosso projeto é sobre toda a discografia que ele nos deixou. O que o Carlos nos trouxe é uma preciosidade da família Paixão Côrtes. É uma honra recebê-lo aqui", emociona-se o patrão.
A Semana Farroupilha foi oficialmente aberta na manhã de sábado, dia 14 de setembro, quando o governador em exercício, Ranolfo Vieira Júnior, recebeu a Chama Crioula e acendeu o candeeiro no Palácio Piratini.
A cerimônia foi acompanhada por cerca de 20 cavalarianos, que cumpriram fielmente o rito de carregar a centelha por 462 quilômetros entre Tenente Portela, no noroeste do Estado, e a capital. O ato ocorre desde 1947, espalhando a Chama Crioula pelas 30 regiões tradicionalistas do Rio Grande do Sul.
Entrada franca
Não há cobrança de ingresso para os visitantes do Acampamento Farroupilha. Localizado no bairro Praia de Belas, em Porto Alegre, o Parque da Harmonia permanece aberto 24 horas por dia. As atividades vão até o dia 22 de setembro, data de encerramento das celebrações alusivas à Semana Farroupilha.
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