Sérgio Benini, um residente de Roca Sales com 52 anos de idade, desempenhou um papel crucial no resgate de mais de 100 pessoas durante a recente enchente do Rio Taquari, que ocorreu na última semana.

No decorrer do final de semana dos dias 2 e 3 de setembro, Benini estava no Paraná e não foi testemunha das chuvas que afetaram o Rio Grande do Sul. No entanto, na tarde seguinte, segunda-feira, dia 4, começou a receber mensagens e ligações desesperadas em busca de socorro.

Ao cair da noite, Benini partiu em sua embarcação pela cidade em busca daqueles que necessitavam de ajuda. Enquanto navegava, ficou claro que a situação era mais grave do que a enchente de 2020. Incansavelmente, Benini continuou salvando vidas até as 19h do dia seguinte. Somente às 5h30, fez uma pausa para reabastecer o barco e tomar um breve café para se aquecer.

Após a inundação de 2020, Benini construiu um novo barco de chapa naval de madeira, com maior estabilidade, capaz de transportar até 10 pessoas. Embora esperasse nunca mais precisar usá-lo para resgates, ele reconheceu a importância vital dessa embarcação durante essa crise. Benini contou com a assistência de um colega de trabalho para realizar os resgates, e, surpreendentemente, o barco nunca virou, mesmo sem coletes salva-vidas.

O morador de Roca Sales descreveu as condições extremamente desafiadoras, com fortes correntezas e temperaturas geladas, como algo completamente fora do comum. Navegaram no escuro, resgatando idosos que nunca tinham estado em um barco e estavam apreensivos. Além disso, tiveram que tomar cuidado com os cabos elétricos de luz, telefone e internet, que ficaram submersos. Usando o barco, levaram as pessoas até a praça da igreja da matriz, de onde foram encaminhadas para o Salão Paroquial do município.

Um dos momentos mais dramáticos ocorreu quando Benini teve que resgatar uma família cujo telhado da casa estava preso. Na residência estavam um casal e a mãe da mulher. O filho do casal, que morava em outro estado, forneceu informações sobre a localização dos moradores por meio do celular. Benini destacou que sentiu que estava sendo guiado por uma força maior: "Parece que Deus nos guiou."

O resgate foi uma situação angustiante: a mulher segurava sua mãe idosa que necessitava de ajuda. Enquanto tentava salvar o homem, as botas de Benini ficaram presas na estrutura, e eles tiveram que quebrar uma parte adicional do telhado. Apesar das dificuldades, todos os três foram resgatados com sucesso. Benini ressaltou que, em questão de minutos, teriam ficado sem ar. Após o salvamento, os moradores do prédio em frente à casa aplaudiram e gritaram em agradecimento.

Benini também compartilhou que, durante o percurso para resgatar essas três pessoas, muitos moradores pediram que eles não prosseguissem devido às perigosas correntezas. No entanto, sentiram-se obrigados a continuar com a missão de resgate. Enquanto navegavam, uma onda empurrou o barco contra um poste e colidiu com o telhado de outra casa. Ao romper as telhas, viram pessoas pedindo ajuda no vão. Tiveram que pedir que aguardassem um pouco, pois havia outros em situação crítica com a água alcançando o pescoço.

Benini demonstrou coragem e altruísmo ao arriscar sua própria vida para salvar os outros. Ele enfatizou: "Eu não sou melhor do que ninguém, mas nessa hora eu tinha que ajudar; eu fiz isso de coração."