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Operação 'Entre Lobos': Vítimas de Fraude Contra Idosos: Saiba Como Agir e Buscar Justiça

Estão sendo cumpridos 13 mandados de prisão e 35 mandados de busca e apreensão em Santa Catarina, Ceará, Rio Grande do Sul, Bahia e Alagoas. Também foi determinada a apreensão de 25 veículos e o bloqueio bancário de até R$ 32 milhões.



25/07/2025 17:32 por MPSC

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Foto: Divulgação

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Uma vasta rede de criminosos, especializada em aplicar golpes de estelionato contra idosos e pessoas em situação de vulnerabilidade, foi desmantelada na última terça-feira (22.07) pela Operação "Entre Lobos", deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO). A ação simultânea em cinco estados brasileiros resultou em prisões, apreensões de bens e no bloqueio de milhões de reais, revelando a dimensão de um esquema que pode ter lesado mais de mil pessoas.

A operação, que contou com o apoio da Promotoria de Justiça da Comarca de Modelo e a mobilização de mais de 130 agentes, cumpriu 13 mandados de prisão (oito preventivas e cinco temporárias) e 35 mandados de busca e apreensão em 12 municípios de Santa Catarina, Ceará, Rio Grande do Sul, Bahia e Alagoas. Além disso, foram determinadas 25 apreensões de veículos e o bloqueio bancário de até R$ 2 milhões por alvo, totalizando até R$ 32 milhões.

O Esquema Predatório: Como os "Lobos" Agiam

A investigação, que durou quase um ano, revelou um modus operandi sofisticado e cruel. A organização criminosa abordava vítimas, predominantemente idosos e aposentados, oferecendo a propositura de ações revisionais de contratos bancários. O golpe se concretizava quando, após o ajuizamento dessas ações – muitas vezes sem o conhecimento pleno ou discernimento dos clientes –, as vítimas eram induzidas a assinar contratos de cessão dos valores de direitos judiciais a empresas de fachada.

O "Instituto de Defesa do Aposentado e Pensionista (IDAP)" era uma das fachadas institucionais utilizadas para captar clientes via internet, atraindo aposentados de diversas regiões do país. As vítimas eram levadas a cartórios para reconhecimento de firma, buscando dar uma falsa aparência de legalidade às transações.

A exploração era brutal: as cessões de crédito eram firmadas por valores significativamente abaixo dos montantes reais a receber nas ações judiciais. Casos concretos demonstram a gravidade, com vítimas recebendo apenas uma pequena fração do que lhes era devido. Em um exemplo chocante, uma vítima com direito a R$ 146.327,17 recebeu meros R$ 2.500,00, o que representa apenas 1,71% do valor real.

As empresas de fachada "Ativa Precatórios" (Pinhalzinho/SC) e "BrasilMais Precatórios" (Fortaleza/CE) eram utilizadas para formalizar as cessões fraudulentas, enquanto os alvarás judiciais eram expedidos em nome do escritório de advocacia apontado como o centro da organização. Mais de R$ 6 milhões foram liberados pela Justiça, mas os idosos explorados receberam menos de 10% do valor devido.

Alcance Interestadual e Patrocínio Infiel

A atuação da organização criminosa se estendia por no mínimo quatro estados (Santa Catarina, Ceará, Alagoas e Rio Grande do Sul), com indícios de expansão para Paraná e São Paulo. A investigação também aponta para o crime de patrocínio infiel, onde advogados atuavam em conflito de interesses com seus próprios clientes, desviando os direitos dos idosos para o caixa do grupo.

Orientação Essencial para as Vítimas: O Que Fazer?

Se você se identifica como uma possível vítima deste esquema criminoso, é fundamental que tome providências imediatas para auxiliar nas investigações e buscar a devida reparação.

Passos a seguir:

  1. Registre um Boletim de Ocorrência (BO): Procure a Delegacia de Polícia Civil mais próxima e registre um boletim de ocorrência detalhando os fatos. Este documento será encaminhado ao Ministério Público para as providências cabíveis.

  2. Contate o Ministério Público:

    • Promotoria de Justiça da Comarca de Modelo: Você pode entrar em contato via WhatsApp pelo número (49) 99200-7462.

    • Ouvidoria do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC):

      • E-mail: [email protected]

      • Telefone: (48) 3229-9306 ou 127 (atendimento das 9h30 às 19h).

É crucial que todas as vítimas se manifestem. Sua denúncia é vital para que a investigação possa dimensionar adequadamente o alcance dos crimes, identificar todos os lesados e garantir a responsabilização dos envolvidos e o ressarcimento dos danos causados.

"Entre Lobos": Uma Homenagem e um Alerta

A denominação "Entre Lobos" para a operação reflete a natureza predatória dos crimes e o abuso de confiança praticado por aqueles que, traindo a ética da advocacia, agiram como predadores contra seus próprios clientes. O nome também presta homenagem a uma das vítimas falecidas durante a investigação, de sobrenome "Wolf" (lobo em inglês), e a outras vítimas que, infelizmente, vieram a óbito sem receber o que lhes era devido.

O GAECO, Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas, é uma força-tarefa multidisciplinar do Ministério Público de Santa Catarina, composta por diversas forças policiais e órgãos estaduais, com a missão de identificar, prevenir e reprimir organizações criminosas.

Não hesite em buscar ajuda. A justiça está trabalhando para proteger você.


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